04/06/2009

Estava deitado numa calçada fria e seu corpo se esforçava para se aquecer dentro de parcos panos e uma bandeira velha e vermelha. Sentiu um cutucão no ombro esquerdo, olhou no lusco-fusco e seu olhar demorou a reconhecer uma imagem. O autor da cutucada disse:
- Você quer o infinito? Tenho aqui no meu bolso.Basta alguns trocados. O restinho da esmola, sabe.
- Você vende o infinito menino?
- Baratinho.
- Não estou interessado. Me deixe dormir.
O velho chorou e suas lágrimas não foram vistas pelo menino. O matemático socialista não aceitava que até isso virasse produto. “O infinito por trocados”.Se levantou e correu até alcançar o menino.
- Hei, menino! Até quando os números vão?
- Não estou interessado. Me deixe ir.
O velho avançou até ele, esticou o braço esquerdo e lhe deu um soco que atingiu seu olho direito.
- É isso o que eles querem. Que você seja um rato podre que perambule no esgoto desta cidade, seu merdinha. Luta porra!
O menino chorou e suas lágrimas não foram vistas pelo velho. O analfabeto capitalista não aceitava um conselho político após uma porrada no olho. “Até quando os números vão?”
- Até o infinito velho! Se o problema é esse da próxima vez eu vendo a eternidade.


André Amaral - Teorias Infinitas

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