30/04/2010


Mariana Zanetic, Passo a Passo: Ascender, fotomontagem, 2010

29/04/2010

Marcio Marianno -Niño de Atocha - Tinta (acrilica, aquarela,guache) s/papel - 2009
André Mutton - Crença - fotografia - 2010
Marília Zaratini, sem título, fotografia, 2009

23/04/2010

Thamara Rossi - O que me move? - fotografia - 2010

22/04/2010

Natália Alavarce - Crença - fotografia - 2010
* * * * *

A luz do dia do meio dia rebenta pelas frestas e portas, insinua-se por buracos no forro, esmaecida pelas cores frias dos vitrais. Dissemina-se pela porta da entrada. Por pouco, a igreja não está vazia. Sentados em bancos, ajoelhados. Parados diante dos altares, benzendo-se na pia batismal. Pombos sobre um parapeito. Abismo. Silêncio. Ecos. Arquitetura para reflexão e induzir os fiéis a olhar para o alto. Buzinas. O piso com um bordado de linhas retas entrecruzadas. Cristina entra, fecha as pernas dos óculos escuros. Faz o sinal para o Cristo adiante no altar. Senta-se em uma das últimas fileiras. Cabeça baixa. Mais adiante, uma senhora com terço. Os dedos correm as contas. Cristina abre a bolsa, passa um lenço sobre o suor da testa. Verifica o celular. Sem mensagens. Muda para o modo vibrador. Alguém tosse. Ecos. Um ônibus freia, um urro animalesco no asfalto. Mas todos continuam em suas preces silenciosas. As paredes isolam como uma gruta. As imagens dos Santos: faces tranquilas, olhares tristes, lábios cerrados, rostos raros hoje em dia. As mãos dedilham o ar, acariciam o vazio. Cristina não reza, continua olhando o próprio colo, ou a senhora, ou o teto. Disfarça o celular na mão. Um folheto dobrado em muitas vezes fora abandonado sobre o banco a seguir. Ela estica o braço para pegá-lo. Reaberto, o folheto lembra um mapa, cheio de vincos. Cristina lê a Segunda Leitura e o Evangelho. Parábolas. O Bom Samaritano. Músicas. Creio em Deus Pai, todo poderoso. Confere o horário. Sirenes. Uma moto passa a toda velocidade. Cristina conta as estrelas que atravessam o forro do teto. Verifica o celular. Sem mensagens. Outra tosse. Quase distraidamente, percebe um homem em um terno fino sentado do lado oposto do mesmo banco; permanece de óculos escuros, apesar de estar no interior da igreja. Contendo o medo, ela guarda o celular na bolsa, faz o sinal da cruz e se levanta. Procura manter a calma. Mas há outros dois homens engravatados na porta de saída. Eles estão em pé, fingem orar. Cristina ruma em direção ao altar. Surge um quarto homem detrás de uma das colunas. Passos mais rápidos às suas costas. Faz um desvio final e entra na cabine do confessionário. Sozinha, atrás da cortina de tecido espesso. No escuro. Cristina retira da bolsa a vinte e dois. Fica a espera. (...)1. Há um aviso com os dias e os horários nos quais o padre estará disponível para prestar o sacramento. Os homens sabem que neste horário o padre almoça. Talvez esteja comendo um coroinha. Um deles faz um sinal para que os demais cerquem o confessionário. Os três se aproximam. Chamam-na pelo nome, sussuram, não querem chamar a atenção. Dona Cristina, por favor, sai daí. O Doutor mandou a gente não machucar a senhora. No interior da bolsa, uma luz se acende. Chega uma mensagem, mas de outra pessoa. Está em caixa alta e ela não terá oportunidade de ler: FOGE. ELE DESCOBRIU. MA. Sem resposta, um deles abre o confessionário. Ouve-se um tiro. Não atinge ninguém. Os demais frequentadores da Igreja pressentem circunstâncias incomuns. Alguém corre. Pombos voam. Apesar da ordem do Doutor, o sangue ferve e eles entram à força. Cristina recebe alguns socos, a arma cai pesadamente. Bolsa aberta no chão. Celular corre que nem barata e desaparece em alguma fresta. Os homens carregam-na para fora. Um deles esconde a arma em um lenço. Aquela senhora que rezava pergunta o que aconteceu. O líder responde, pressão baixa, muito calor, ela desmaiou. Ela acompanha os quatro carregando-na em direção à luz da rua. Ela faz o sinal da cruz e pensa Graças a Deus estes anjos estavam aqui para socorrê-la. O sangue pinga do nariz de Cristina formando estrelas gordas sobre as linhas retas no piso.

(1) (Criar neste espaço best-seller de 300 páginas contando a história de Cristina o qual o deixará rico e insuportável, requisitos imprescindíveis para sentido)

Brontops 

19/04/2010

Marcelo Marsan - Estou com Jesus - Fotografia - 2010
Guilherme Valério - S/ Título - desenho - 2010

15/04/2010

amo suas mãos tocam as minhas por este fio invisível 
(Copyright Sinval Garcia 2009 All rights reserved)

acredite, assim, redondo

o oco no adentro da casca:
casa por dentro do ovo

 

veronika paulics
http://www.andoape.blogspot.com

14/04/2010

tabyta y.
el amor es importante, carajo


Para el anônimo



Começou pelos muros, em uma fonte atípica para os pichadores convencionais, aquela agressiva, pontiaguda e quase grega ou quase caco, mas tampouco era caligrafia arredondada e infantil, fofa que nem letra de menina. Eram letras quadradas, sem serifa, quase tijolos, quase janelas ou peças de dominó. A construção da mensagem era, entretanto, irrelevante. No fundo, precisávamos deste chamado às armas: o amor é importante, porra!

As pessoas liam de dentro de seus veículos presos nos engarrafamentos, ou pelas janelas dos coletivos e despertavam do torpor. Lembravam-se. Tiraram fotos com celulares ou anotavam às margens dos livros psicografados. Comentaram pelas mesas dos bares e pontos descolados em meio a copos de chope e latas de redbull, acendendo cigarros de nicotina ou de maconha, escreviam o texto em bilhetinhos, email, torpedos trocados durante a aula ou o serviço: o amor é importante, porra!

Deu num blog, depois num site até chegar ao jornal de domingo. Nas rodas de amigos, gays, lésbicas, simpatizantes ou não, era o que se dizia, era o que se prometia. Todos desconheciam o responsável pela mensagem anônima. Supunha-se alguém nervoso, alguém que tomou um pé na bunda, alguém com raiva. Devia ser alguém com memória. Alguém que ainda se lembrava: o amor é importante, porra!

No dia dos namorados, foi noticia até no telejornal da meia-noite (não se fala “porra” cedo). A repórter corou um pouco, baixou os olhos, não se sabe se de raiva ou vergonha ou de saudade: acabara de se divorciar, deu nas revistas de fofoca. Mas quem a conhecia, sabia o porquê. Um argentino, um colombiano, ou um brasileiro metido a esperto, arriscou o portuñol e pichou em Buenos Aires ou Barcelona: El amor es importante, carajo!

Dali foi pro resto do mundo. Surgiram cartazes, camisetas e camisinhas, com os dizeres para quem quisesse ver. Comerciais de Coca Cola com belíssimos efeitos gráficos e computadorizados. Saiu na capa da Playboy sob a bunda da mulher do Big Brother. Comédia romântica produzida por Drew Barrymore. As meninas escreviam o mote sobre a foto dos meninos do High School Musical ou sob o desenho da Pucca nas capas de caderno: O amor é importante, porra!


Um ano depois, a polícia foi chamada. Encontraram uma cabeça dentro de um saco. Dentro da boca, envolta em um plástico delicado e sem digitais ou DNA, um envelope cor de rosa. Na carta, um pequeno recado em uma caligrafia estilizada de convite de casamento: O amor continua sendo importante.


Brontops - http://brontops.blogspot.com/2009/06/el-amor-es-importante-carajo.html

13/04/2010


 

 
 Germania Heibe - Fervor... Desejo... Quem-disse... - fotografia digital - 2010
Inês Correa -Title: Love's Fuckin' important -Título: Sem título - 2009

10/04/2010

Tchello d'Barros - Eternidade - Poesia Visual - Belém-PA - 2009

06/04/2010

Rodrigo Motta - Sem Título - técnica mista - 2009
Eliana d`Amore - Filhos de Gandhi - Foto Digital - Carnaval/Copacabana - RJ - 2010
Cesar Vermelho - S/ Título - técnica mista s/ papel - 2010
Dani Sá -os santos da minha cozinha - Fuji FinePix S7700 - 2010
CASULO encaixa-se em CRENÇA