30/10/2009


Tatiana Nolla - S/título - fotografia - 2008

29/10/2009


Mariana Zanetic -Natureza Repensada - fotomontagem - 2009
( fotos tiradas em 1996 )

23/10/2009

fábula dos Lobos


O fogo na lareira se acendeu em um fulgor alaranjado quando a pequena pilha vermelha de roupas infantis alimentou seu corpo impalpável. A menina nua subiu na cama rangente da parenta e deitou-se sob a coberta puída da velha para escutar a voz esganiçada narrar:

-Quando a primeira Chapeuzinho caiu naquele túnel estreito e carmim dentro da boca do Lobo ela tentou se agarrar nas reentrâncias dos tecidos que recobrem o poço vertical até o estômago, mas foi tudo em vão, ela caiu, caiu, e teria se dissolvido no ácido daquele lago se não fosse um outro menino devorado anteriormente. Ele fizera uma jangada com ossos não digeridos, pedaços roídos do couro de botas velhas, os pregos destas solas, dentes de ouro, a madeira das próteses, o conteúdo de bolsas amarradas junto ao corpo ou enfiadas no rabo dos viajantes covardes que temiam mais os ladrões que os Lobos. De tudo isto fez uma embarcação com a qual salvou Chapeuzinho. Ele a levou para um promontório onde outros sobreviventes se reuniam em uma favela miserável, iluminada pelos gases intestinais recolhidos por lanternas espetadas em varas pelo chão. Eram muitos e eram homens e mulheres e sobreviviam como parasitas daquilo comido pelo Lobo que nunca alcançava satisfação por mais que comesse, as costelas aparentes sob a pele e o pelo. O tempo passou e eles ali construíram uma cidade sobre palafitas de material indigesto, com enormes redes tecidas de fios de cabelo com os quais colhiam a chuva de gente e carne mastigada que vinham do olho negro daquele céu escuro. Assim chegaram as sementes e plantamos árvores e pomares que aprenderem a crescer na treva, as raízes se acostumaram a beber dos ácidos e do sangue, os frutos fosforesciam para atrair os pirilampos polinizadores. Ali os primeiros habitantes envelheceram para antes de morrer, terem filhos, e seus filhos tiveram outros filhos, até chegarmos nós duas, eu e você neste quarto no meio deste bosque. Saiba, minha neta querida e apetitosa, dizem que um dia virá um caçador que com seu machado romperá a derme e a carne deste nosso monstro que nos rodeia e veremos um cometa rasgar o céu desta noite, trazendo uma luz tão forte que nos cegará e neste dia sairemos da barriga de nosso hospedeiro velho e quase morto e saberemos então o que é o frescor e o que é o frio. Neste dia finalmente seremos livres para procurar um novo Lobo para viver.

Brontops - 2009 - http://brontops.blogspot.com

André Tietzmann - São Francisco Solar - desenho- 2009

21/10/2009

proposta 1- Adentre este espaço, acomode-se como preferir e finja que está dormindo por um tempão, até se cansar. Quando se cansar, saia.

Lucas Oliveira
 

18/10/2009


Natalia Alavarce - S/título - fotografia - 2008

15/10/2009


Cesar Vermelho - Carrinho Vermelho? - desenho - 2009

14/10/2009

eu era terra quente que descia rumo ao rio. eu era pedra que seguia ciliar o rastro do sândalo que descia rumo ao rio. eu era pedra preta a terra vermelha sobre pedra preta que nos desmanchamos no rio, o mesmo rio que lavou pedras brancas. eu era raízes presas nas pedras brancas.

e Èramos todos correnteza, água corrente ao encontro de outras pedras.


Mariana Campos, 2009

13/10/2009


Lorena Travassos - Fotopoema - 2009

10/10/2009

Olhar
                               a Williams

O carrinho de mão vermelho
não sugou apenas meu olhar.
Carregou o parco enquadrar
à infinita possibilidade angular
que brota de cada fragmento,
restituindo o valor absoluto
que cabe a cada ponto de fuga.
Ou seria eu o fugitivo a olhar
descontroladamente o macro,
absolutamente fora de foco
na impossibilidade de se notar
na totalidade que varre o olhar,
engolindo tudo de uma só vez
destituindo o valor do mastigar?
 mínimo agigantando-se total
sob a retina que o descobre
construção única e possível
do que se configura grandioso,
absorvendo cada gota de tempo
no diminuto instante perdido
no imperceptível que se instala
em todos os cantos esquecidos.
O carrinho de mão vermelho
não ajustou apenas meu olhar,
postou-me como alvo contínuo
de todo fragmento que se mostra
amplo e generoso de se mergulhar.


Ninil

09/10/2009



Rede - Vânia Medeiros - 2008

Eu que Não Sei Pescar

toda vez que viajo
para a cidade de minha infância
encontro trinta mortos
pendurados nas janelas
esperando
de mim a parte
de areia e cimento
para cobri-los
de fé e de pedra
encontro cavoucando
o canteiro de lama
- meu playground de criança –
minhas memórias guardadas
em cabeças de minhocas minúsculas
iscas para pescar
peixes de água doce

eu
que não sei pescar
anzol perdido no tempo

Marcelo Maluf - 2009



Luana Neiva - Baby doll original - desenho - 2009




Felipe Denuzzo - Entre a Relva Urbana 0002

Marcelo Marsan - Correndo da cidade - fotografia/ dupla exposição - 2001

 

08/10/2009


Hugo Perucci - Fontana - fotografia - 2007




Rafael Suriani - "vautour fauve"- Pau, France - Pintura s/ muro- 2009




Pedro Brito - "Patos multi-dimensionais" - fotografia - 2009

Gustavo Pozzobon - S/ título - fotografia - 2009

Victor Zalma - S/ título - monotipia - 2004

07/10/2009


Gina Dinucci - Geometria Plana - fotografia - 2009

Germania Heibe - Pingo d’ água - fotografia - 2008

Ines Correa - Meu vestido na janela dela - 2009 -  8h26m

06/10/2009


Guilherme  Valério - Moinho - desenho - 2009

01/10/2009

(toda manhã consulto o mapa de ocorrência das aves em meu corpo (meu canto é migratório (o céu é minha pele

Murilo Hildebrand Abreu
TRANSE/IMERSÃO encaixa-se em  PAISAGEM-ATO